[...] Ele sabia que era um momento arriscado, onde tudo poderia acontecer. Sem essa estória de bom ou ruim, ele tentou pra ver se conseguiria arrancar um sorriso sereno e de cara ficar com tal sorriso. Caminhou junto, deu as mãos, ouviu, foi ouvido e sempre numa proximidade de fazer os olhos brilharem. Eis que o sorriso veio e com ele um sol, digno de domingos na praia deserta.
Das estradas da vida ele já saíra muitas vezes desnorteado, cambaleando depois de atropelos. Com um olhar sincero e mesmo sem direção certa, ele mirava o campo, longe, onde todos eram iguais. Suor no rosto, malandragem nem tanta, mas tentando aprender nas esquinas da vida entre um bate-bola e uma conversa em boteco no fim da copa.
Ah! saia e queria ver as pessoas os prédios e o mar ao mesmo tempo, sempre disponível a ir tomar banho de mar à madrugada e saciar a sede depois do mergulho com uma água de coco ou um whiskey talvez. Os companheiros ao redor, nem sempre tão atentos levavam pra um lado e outro, mas de repente ele só resolveu que se fosse pra levar que fosse só por enquanto, quando o sol ainda estivesse se pondo. Fez as malas mesmo que morasse perto, saiu e voltou no outro dia, com uma bela moça de baixo do braço. Vez em quando ela também levava-o no braço pra lugares bem simples e bonitos só pra fazer o que há de melhor: viver.
Nesse morro-quebrada-complexo-habitacional da vida, eles passeavam e iam descendo e subindo ladeirões e curvas em meio a barrancos, palafitas, barracos e becos. tinha tempo em que ele subia, subia, subia e esperava por ela lá em cima. Outrora era ela que subia, subia, subia e esperava por ele lá em cima. De mala, cuia e cuíca, com tropeços, atropelamentos e muito jogo de cintura eles iam caminhando, colhendo flores, espinhos, dores de coluna e remédios pra alívio.
Certa vez, ele foi querer subir um ladeira de duas mãos. Não pelo lado que ela ia, mas por outro, meio turvo. Horas inexatas, muita gente atrás deles, querendo algo que eles não sabiam, mas uma coisa era certa: pessoas com caras ruins. ele foi e viu o peso na frente e atrás. começou a correr. Ralou a cara no chão, se levantou, continuou correndo a ladeira. Do alto, o amor. Cai mais uma vez e se levanta pra alcançar. Não quis parar. Não era hora e não era vontade. [...]
2 comentários:
Todo momento é arriscado.
Não fazer nada, ou fazer algo. Tudo é uma aposta.
a vida é isso!
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